Monitoramento dados Bióticos

Monitoramento da Biota Aquática

Visa avaliar a estrutura das comunidades bióticas possibilitando diagnosticar a qualidade ambiental do estuário e avaliar os impactos antropogênicos sobre o meio ambiente. Além disso, mostra-se como uma ferramenta estratégica na identificação e previsão das alterações ambientais, possibilitando o estabelecimento de medidas corretivas e procedimentos que auxiliem na mitigação de efeitos causados pela atividade. Também auxilia na identificação de entrada de espécies exóticas no ambiente. O monitoramento da biota aquática é realizado trimestralmente, nas estações mostradas no Mapa (Figura 1). Envolve os seguintes sub-programas:

Monitoramento da Comunidade Fitoplanctônica (microalgas)

A comunidade fitoplanctônica é composta por organismos procariontes e eucariontes fotoautótrofos portadores de clorofila, que liberam oxigênio e consomem o gás carbônico. Estes organismos constituem-se na base da cadeia trófica propiciando a manutenção da vida aquática. Assim, mudanças na comunidade fitoplanctônica podem ocasionar modificações nos demais níveis tróficos. A utilização de espécies ou grupos de espécies como bioindicadoras de impactos antrópicos vem crescendo mundialmente. Portanto, a alteração na estrutura deste ambiente pode refletir em alterações na composição desta comunidade, o que poderá afetar toda a teia trófica local.

Figura 9: Coleta de amostras para o monitoramento da comunidade planctônica.

Monitoramento da Comunidade Zooplanctônica

Constituído principalmente por invertebrados presentes na coluna de água, são organismos de ciclo de vida curto e de resposta rápida às alterações ambientais. Historicamente é um grupo utilizado inclusive como bioindicadores de alterações climáticas apresentando uma rica diversidade biológica. Também permite a identificação e espécies invasoras.

Monitoramento da Macrofauna Bentônica

Os macroinvertebrados bentônicos compreendem um grupo de organismos com tamanho a partir de 0,5 mm, que apresentam relação direta com o fundo, o que resulta em certa uniformidade nos modos de vida. Estão presentes em todos os ambientes marinhos, mesmo se poluídos ou extremamente alterados. Isso os torna importantes indicadores da biodiversidade. A distribuição, ocorrência e abundância dos organismos da macrofauna bentônica dependem muito das características ambientais predominantes, principalmente quanto às características do substrato, disponibilidade de alimento, estabilidade e características físico-químicas. Sua caracterização tem sido uma importante etapa no processo de avaliação e monitoramento dos ambientes naturais.

Monitoramento da Ictiofauna (Peixes)

Estudar a ictiofauna de estuários e zonas costeiras é uma maneira eficaz de investigar os tipos de estresses introduzidos pelas mudanças antrópicas, visto a sua sensibilidade às mudanças ambientais. Deste modo, a análise da estrutura da comunidade de peixes em ambientes estuarinos e costeiros, bem como aspectos biológicos, pode ser usada para diagnosticar a qualidade ambiental do estuário e avaliar os impactos ambientais decorrentes das ações antrópicas. O programa de Monitoramento Ambiental do Porto de Itajaí analisa a ictiofauna ao longo do estuário do Rio Itajaí-Açu e na área costeira adjacente, incluindo duas áreas de bota-fora. O monitoramento tem como objetivo investigar a estrutura das comunidades de peixes e o impacto das operações de dragagem na área de influência do Porto de Itajaí.

Monitoramento da Carcinofauna (Crustáceos)

Espécies de camarões, caranguejos e siris são frequentes componentes da carcinofauna bentônica estuarina e muitos de seus componentes possuem interesse econômico. No Brasil, siris, como Callinectes danae e C. sapidus, e camarões, como o camarão-rosa Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis, são espécies economicamente importantes exploradas pela pesca comercial. O estuário do Rio Itajaí-Açu é a parte final da maior vertente atlântica do estado, apresentando grande importância econômica para a região, devido aos Portos de Itajaí e Navegantes, além de abrigar o maior complexo pesqueiro do país. O crescimento da atividade portuária leva, consequentemente, a impactos ambientais, resultando na necessidade de um permanente gerenciamento ambiental destes ecossistemas estuarinos. O monitoramento da carcinofauna ao longo do estuário do Rio Itajaí-Açu e zona costeira adjacente tem como objetivo investigar os impactos da dragagem de manutenção e efeitos da deposição deste material sobre a comunidade de crustáceos que vivem nestes ambientes.

Figura 10: Processamento de amostras relacionadas ao monitoramento da biota aquática.

Avaliação do Risco de Introdução Espécies Exóticas por Meio de Água de Lastro

Tem como objetivo avaliar o risco da introdução de espécies exóticas através da água de lastro das embarcações que transitam pela região portuária de Itajaí. O monitoramento, é desenvolvido a partir da obtenção de amostras de água, retiradas de tanques de lastro de embarcações, durante sua estadia no Porto de Itajaí e de dados de rota e deslastre das embarcações durante sua rota de navegação. As amostras são levadas ao laboratório para contagem de fito e zooplâncton, de forma a comparar se a origem do lastro relatado é corroborada pelas espécies encontradas.

Figura 11: Ilustração do acesso aos tanques de água de lastro para obtenção de amostras (imagens superiores) e exemplos de organismos planctônicos obtidos em amostras.

Monitoramento da Pesca Artesanal

Realiza o monitoramento da pesca artesanal dos municípios de Itajaí e Navegantes (SC), avaliando o impacto da operação de dragagem de manutenção do Canal de Navegação do Rio Itajaí-Açu, de modo a gerar subsídios para a gestão de conflitos socioambientais na zona costeira destes municípios. Ele é baseado na coleta de dados obtidos em entrevistas de cais, e cadastro de barcos que atuam na região. Também é feito o levantamento de embarcações que atuam na região, através do monitoramento durante as operações de pesca, na região costeira de Itajaí e Navegantes.

O Programa de Monitoramento da Pesca Artesanal inclui análise quinzenal de informações da pesca artesanal nos desembarques realizados nos municípios de Itajaí e Navegantes (SC), bem como o levantamento mensal in loco das operações de pesca na região marinha adjacente ao estuário do rio Itajaí-Açu.

Figura 12: Monitoramento da pesca artesanal durante operação de pesca e exemplos de embarcações usadas na pesca artesanal no litoral centro-norte de SC.

Resgate e Reabilitação de Fauna

Visa promover o resgate e reabilitação de fauna marinha encontrada na região portuária e que necessite atendimento. As atividades portuárias estão sujeitas a incidentes com consequências ambientais e ações de resposta rápida podem minimizar os danos. Dentre as ações de resposta, o resgate e a reabilitação da fauna são importantes ferramentas para diminuição do impacto causado pelo incidente. Equipes capacitadas e equipamentos adequados para atendimento de fauna marinha são fundamentais para uma resposta rápida e eficaz. Esse programa disponibiliza estrutura e equipe qualificada para prestar apoio e atendimento a ocorrências de incidentes com fauna marinha nas instalações do Porto de Itajaí. O acionamento é feito para a equipe de prontidão que fica na Unidade de Reabilitação de Animais Marinhos da Univali, em Penha/SC. Após o acionamento, a equipe composta por biólogos, oceanógrafos e médicos veterinários iniciam o atendimento para resgatar, reabilitar e devolver o animal para a natureza com plena saúde. O atendimento deve estar de acordo com as diretrizes propostas pelo IBAMA no Plano Nacional de Ação de Emergência para Fauna Impactada por Óleo - PAE Fauna (IBAMA, 2016) e em conformidade com o Manual de Boas Práticas (IBAMA, 2018).

Figura 13: Imagens das atividades relacionadas ao resgate e reabilitação de fauna.